Oferenda do “padê” a Exu, guardião dos caminhos, pedindo permissão para o desfile do Afoxé Filhos de Gandhy
Quero lembrar que faço, aqui, um exercício de interdisciplinaridade, ou transdisciplinaridade, onde se confundem a ficção e a história e que se integra perfeitamente aos projetos da mais alta contemporaneidade que teriam por objetivo a ultrapassagem de fronteiras rígidas do conhecimento. E, mesmo porque, História e literatura de ficção só muito recentemente, na história do Ocidente, tentaram ser separadas num divórcio quase litigioso. Porque, como afirma Paul Veyne, em Acreditavam os gregos em seus mitos ? “…] a história é também um romance, com fatos e nomes próprios, e (vimos) que se considera verdadeiro tudo o que se lê, enquanto se lê ; só será considerada ficção depois, e ainda é necessário que se pertença a uma sociedade na qual a idéia de ficção exista (VEYNE : 1984, p. 119).
Diferentemente do modelo francês em que o Carnaval se baseia nos desfiles e fantasias, como no Rio de Janeiro, que seguiria uma tradição parisiense inaugurada no século XIX, o Carnaval de Salvador,assim como o de Recife, era originalmente um carnaval de rua, isto é, os foliões iam em peso brincar nas ruas da cidade,ao som de atabaques, pandeiros ou tamborins, e depois, ao som do Trio Elétrico que predomina até o presente.
Até as primeiras décadas do século XX predominava a cultura branco-europeia no Carnaval de Salvador. Aliás, o Afoxé Filhos de Gandhy, o mais antigo do Brasil, que comemora, em 2009, o 60º aniversário (http://www.filhosdegandhy.com.br/historico.html), foi fundado no Carnaval de 1949, quando estivadores e desempregados ou indivíduos vivendo na chamada economia informal resolveram prestar uma homenagem ao líder pacifista Mahatma Gandhi. Temendo serem censurados por utilizar assim o nome de uma figura tão ilustre e por eles reverenciada, criaram a estratégia de escrever o nome do Mahatma com Y, escapando a qualquer suposta condenação. Era também uma forma de sinalizarem para a sociedade e para os carnavalescos, especificamente, que eram pessoas pacíficas e portanto negavam a violência.
Na verdade, segundo a literatura, desde o século XIX o Carnaval de Salvador já contava com a participação desses cortejos, em sua grande maioria de negros e mestiços, e brancos pobres, posto que saiam às ruas como ‘blocos de esfarrapados’, mal trajados, mal vestidos, a maioria descalços, mas com uma enorme vontade de extravasar a alegria e o prazer de viver. Prazer de viver e pobreza deveriam parecer incompatíveis aos olhos da personalidade autoritária, como bem já assinalava Adorno, daí à repressão ante o que parecia ser mais um defeito moral, uma ‘tara’ para utilizar uma expressão pseudocientífica que remete diretamente às teorias raciais então em voga e que buscavam explicar o mal estar de uma sociedade ‘mestiça’.
Em seu romance Tenda dos milagres (La Boutique aux miracles – 1969) Jorge Amado imortalizaria a violência policial, assim como os duros ataques da imprensa escrita às manifestações da cultura africana ou afrobrasileira. Da condenação moral às práticas religiosas do candomblé, considerado como “magia negra”, ou “sujeira”, “porcaria”, à repressão policial seguida da prisão dos praticantes tanto da Capoeira quanto dos blocos afros,ou Afoxés,tudo isso Jorge Amado imortalizaria nas páginas de Tenda dos Milagres,considerado um romance de tese, no qual o escritor exporia e defenderia sua visão da mestiçagem da sociedade brasileira a partir mesmo da sua formação, com os três povos fundadores: o branco europeu colonizador, o negro africano trazido como escravo e o indígena aqui encontrado.
O certo é que na vida social brasileira a repressão às manifestações de origem africana ou afrobrasileira era uma rotina e a música popular brasileira a registraria com engenho. Basta ouvir o samba de roda – proibido durante muito tempo e hoje tornado símbolo nacional, inclusive tendo sido tombado como patrimônio imaterial da humanidade pela UNESCO. Numa de suas deliciosas cantigas tornadas de domínio público podemos escutar que:
Tava na beira do rio
quando “seu” guarda chegou:
vamos acabar com esse samba
que o delegado mandou.
Não se trata apenas de reprimir uma manifestação musical, – embora também no início marginalizado, o samba seria integrado e se tornaria um símbolo da cultura brasileira, a partir dos anos trinta!-, mas se trata de proibir, de inibir manifestações culturais que remeteriam diretamente à herança africana:”[…] Le […]préfet de police n’ avait-il pas proscrit “pour des motifs éthiques et sociaux, dans l’ intérêt des familles, des moeurs, de la morale et de la paix publique, pour combattre le crime, la licence et le désordre”, la sortie et le défilé des afoshés, des cortèges de carnaval à dater de 1904, sous quelque prétexte et ou que ce soit dans la ville? »(BM,p;93).
O Carnaval “oficial”, incentivado pelos poderes públicos era, até então, eminentemente de origem europeia: o desfile acima mencionado de fantasias, com tecidos luxuosos ou imitando-os, que se completavam com máscaras e adereços remetendo à moda em vigor na antiga corte francesa, ou representativos da cultura grecolatina: deuses e heróis mitológicos, por exemplo.
Nada mais justo, portanto, que coibir, perseguir, anular se possível, toda e qualquer manifestação da herança cultural africana ou toda e qualquer produção cultural afro-brasileira, pois remeteria ao que deveria ser esquecido: à miscigenação, à mestiçagem em ação e acionada desde os primeiros momentos em que três culturas e três povos distintos se encontraram em terras americanas: o Europeu, vindo nas embarcações para ocupar a terra na qual habitavam os Povos originários que seriam dela despojados, e os negros Africanos que para aqui vieram trazidos como escravizados.
É importante observar que estava em jogo uma imagem de país, uma imagem de sociedade e de nacionalidade. Logo, era preciso fazer com que fossem afastadas todas as “impurezas” que pudessem contaminar a ideia de que o Brasil deveria ser uma cópia da cultura europeia.
È importante observar que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão negra (1888) e sem que fossem ofertadas as condições para a inserção do povo negro na sociedade brasileira.Pelas ruas e campos via-se uma multidão perambulando. Analfabetos, mal falando a língua portuguesa, sem qualificação profissional, milhões de indivíduos, homens e mulheres seriam expulsos das fazendas, onde até então eram alimentados e abrigados e passariam a conhecer a fome e o desemprego numa sociedade marcada pela profunda divisão de classe que se acirrava pela questão racial.
O pensamento etnocêntrico legaria aos povos das antigas colônias imperiais uma herança de baixa autoestima, ao proclamar a superioridade da cultura branco-europeia que, por isso, só poderia manter com as demais uma relação de negação. Daí a desapropriação das terras dos autóctones (não ‘teriam condições de desenvolver’ os meios de produção), a imposição de uma língua (considerada mais estruturada, mais rica, mais ‘completa’) e o abandono da outra (‘incompleta’, ‘inferior’); a ineficácia das crenças, o caráter obsoleto dos valores autóctones, assim como o ódio e a intolerância por tudo o que não partilhasse dos mesmos valores, da mesma cultura, que não carregasse os mesmos traços distintivos da ‘raça’, da religião, dos costumes, etc..
O branco-europeu passaria a designar os povos sem escrita, sem religião e sem legislação institucionalizadas por nomes que remetem ao estágio de barbárie e selvageria, portadores da estranheza e da alteridade. Seres que reenviariam, por sua carga simbólica, às zonas sombrias de uma presumida ‘infância da humanidade’, onde os homens, vivendo a chamada economia da abundância, independentemente do nível de desenvolvimento de suas forças produtivas, fundamentavam sua vida social na propriedade comunal da terra e nas diversas formas de trabalho coletivo (LOPES: 1987).
Isto ocorreria porque, distanciando-se do otimismo de Rousseau- que pensava a humanidade em sua igualdade, vendo o homem ‘natural’ como essencialmente bom-, outros intelectuais e cientistas iriam repensar as relações do homem com a natureza e chegariam a outras interpretações.
Dentre esses homens de ciência, no século XVIII, três iriam destacar-se em suas visões sobre o espaço e o homem não-europeus, notadamente sobre os negros da África e os indígenas das Américas. O primeiro deles é Buffon, naturalista francês que iria distanciar-se firmemente do pensamento rousseauniano ao pensar a natureza americana sob o prisma da negatividade, rompendo com a ideia de paraíso criada por Rousseau. Ao invés de uma natureza paradisíaca, as Américas seriam simplesmente carência, e o cientista ilustra suas observações com o tamanho pequeno dos animais, ante a constatação da ausência de pelo nos corpos masculinos, a proliferação de espécies de pequeno porte, de répteis e de insetos, tudo indicando, segundo Buffon, para corroborar a tese da debilidade e imaturidade do espaço americano.
O segundo pensador que iria reforçar a ideia do continente americano como carência e negatividade é Cornélius de Pauw. Ele reforçaria os argumentos de Buffon ao acrescentar a noção de degeneração. Para de Pauw, os americanos não seriam apenas ‘imaturos’, mas também ‘decaídos’, o que iria corroborar sua tese central de ‘fé no progresso e falta de fé na bondade humana”, contrariando o otimismo do pensamento de Rousseau. No entanto, o golpe de misericórdia contra o iluminismo em sua visão unitária da humanidade seria desferido por outro pensador francês Georges Cuvier, ao desenvolver o conceito de raça. Segundo a pesquisadora brasileira Lilia Moritz Schwarcz
“tratava-se de uma investida contra os pressupostos igualitários das revoluções burguesas, cujo novo suporte intelectual concentrava-se na ideia de raça que, em tal contexto, aproximava-se cada vez mais da noção de povo. O discurso racial surgia, dessa maneira, como variante do debate sobre a cidadania, já que no interior desses novos modelos discorria-se mais sobre as determinações do grupo biológico do que sobre o arbítrio do indivíduo entendi como “um resultado, uma reificação dos atributos específicos da raça”. (1993:46-47).
Transplantada das ciências naturais, a noção de raça seria utilizada para explicar o desenvolvimento das civilizações, da evolução humana através dos tempos, e, a partir de apropriações dos conceitos de mestiçagem e degeneração das espécies, intelectuais europeus passariam a temer que o entrecruzamento de raças e culturas, por seu caráter de ‘impureza’ gerasse indivíduos doentios ou fracos, cuja debilidade de caráter fosse incompatível com a noção de darwinismo social então em voga.
Claro que a escravidão de seres humanos atravessa a história e as civilizações, porém, o processo de colonização das terras americanas exigiria um aperfeiçoamento e uma intensificação da idéia de escravidão sem similar na história humana. É bem verdade que a história das sociedades registra antiga formas de escravidão, seja a dos prisioneiros de guerra entre tribos indígenas, nas Américas ou na própria África, como a escravidão doméstica tanto entre os árabes quanto entre os gregos e romanos, egípcios e hebreus. Ou Durante o Império Romano e a escravidão dos vencidos nas batalhas empreendidas para o avanço do domínio imperial,contra povos de diferentes culturas, diferentes etnias. No entanto, as grandes propriedades rurais das Américas seriam estruturadas a partir da exploração do trabalho escravo do negro africano suprido por um sistema de captura, transporte transoceânico, crédito, compra e venda, e sustentado por todo um corpo jurídico de regulamentos, leis e costumes.
Os estudiosos estimam que, até meados do século XVI, e vindo com os primeiros colonizadores europeus, seriam poucos os escravos negros que chegaram às Américas. Vinham como escravos domésticos, acompanhando seus senhores, cuidando essencialmente das tarefas da casa: cozinhando, limpando, lavando, ou realizando pequenas tarefas fora de casa. Esse panorama mudaria completamente nos primórdios do século XVI, quando se consolida a produção açucareira no Nordeste brasileiro. É então que as importações massivas de escravos africanos para o Brasil iriam representar mais de 50% do tráfico total. Na segunda metade do século, as Antilhas iriam destacar-se na importação de escravos africanos, à medida em que cresceria a necessidade de braços para a produção do açúcar,competindo com o Brasil. Rapidamente, Pernambuco e Bahia, nas terras brasileiras, tornar-se-iam os principais fornecedores de açúcar para o continente europeu, superando a produção das ilhas atlânticas. Segundo os estudiosos, os engenhos brasileiros chegaram a produzir seis vezes mais do que a produção anual das Antilhas, no final do século XVI (WERNECK SODRÉ:1982).
O exército de mão de obra tanto para o trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar quanto nas lavouras de café, – assim como o seria na produção de ouro em Minas Gerais- seria totalmente suprido pelo tráfico negreiro. A África continuará sendo a repositária contínua da mão-de-obra que vai sendo necessária, tanto pela ampliação das atividades, quanto pela morte natural ou pela dizimação causada por doenças entre os escravos.
Tão ‘natural’ era a escravidão dos negros africanos que a própria Igreja católica a legitimaria, dando-a por ‘natural’ e ‘necessária’, conforme inúmeros estudos atualmente comprovados. É o caso, por exemplo, de dois dos mais famosos nomes da evangelização no Brasil: o Padre Manoel da Nóbrega e o Padre Antônio Vieira. Ambos religiosos da Congregação da Companhia de Jesus, os dois jesuítas têm papel destacado na formação das Letras brasileiras, além de serem símbolos exponenciais da cristandade em terras do Brasil colonial.
Catalogadas de acordo com padrões eurocêntricos e numa escala que considerava a civilização branco-européia como superior e, em graus tanto mais inferiores quanto se distanciassem do modelo dominante, as demais raças eram hierarquizadas, tendo no topo a raça branca e na base, num estágio de total despossessão das coisas do espírito, os povos sem escrita e sem Estado, apreendidos como alteridade radical, exotismo, diferença a ser eliminada por sua absoluta estranheza. Sociedade marcada pela herança escravagista e pelo passado colonial, o Brasil despontava no século XX como uma nação condenada ao atraso econômico por sua população, avaliada como “débil ou doentia” por seu caráter miscigenado.
É sob a sombra da suspeita de ser uma sociedade doentia que o Brasil desponta no século XX, com feridas ainda muito recentes de um passado escravocrata, com abismos sociais entre as classes e raças, onde predominavam tanto uma tentativa simiesca de copiar o estilo de vida da Europa, notadamente da França, quanto uma recusa da maioria da sua elite intelectual em aceitar a rica contribuição da herança cultural africana. Preconceito e racismo grassam na vida social de um país com vergonha de ser mestiço e desejoso de esconder as marcas étnicas que o faziam ‘impuro’, isto é, miscigenado.
Apenas nos anos trinta, é que uma releitura da mestiçagem seria feita pelo intelectual pernambucano, Gilberto Freyre, em sua obra Casa Grande & Senzala. À luz do culturalismo de Franz Boas, Gilberto Freyre reinterpretará a questão racial, distanciando o biológico do social e, desta forma,
[…] transforma a negatividade do mestiço em positividade, o que permite completar definitivamente os contornos de uma identidade que há muito vinha sendo desenhada. Só que as condições sociais eram agora diferentes, a sociedade brasileira já não mais se encontrava num período de transição, os rumos do desenvolvimento eram claros e até um novo Estado procurava orientar essas mudanças. O mito das três raças torna-se então plausível e pode se atualizar como ritual. A ideologia da mestiçagem, que estava aprisionada nas ambigüidades das teorias racistas, ao ser reelaborada pode difundir-se socialmente e se tornar senso comum, ritualmente celebrado nas relações do cotidiano, ou nos grandes eventos como o carnaval e o futebol. O que era mestiço torna-se nacional (ORTIZ: 1994, p.40-42).
Ao “mulato” anteriormente visto como “negativo”, como herdeiro das taras raciais, surge no horizonte brasileiro a figura do “mestiço”, herdeiro de riquezas culturais, apto a viver e a produzir nos trópicos, adequado, portanto, a inserir-se no panorama social e econômico dos novos tempos de desenvolvimento do capitalismo.
A ideologia do Estado, buscando a integração de todos os indivíduos, estimula a veiculação e disseminação do mito das três raças na sociedade brasileira, permitindo que os indivíduos interpretem, dentro do padrão proposto, as relações raciais por eles vivenciadas, tornando complexo o discernimento entre as fronteiras de cor, pela reapropriação e reelaboração de elementos e símbolos que passam a ter sua especificidade negra esvaziada e, assim, tornam-se símbolos nacionais, como o samba, por exemplo.
Mas até os anos vinte do século XX, e mesmo ainda durante várias décadas, o Afoxé era sempre visto como uma manifestação cultural desprezível, vista com condescendência por alguns intelectuais, ou com desdém pela maioria da população letrada. Mesmo porque, o Afoxé é também um Candomblé de rua, um cortejo que sai durante o carnaval. É uma manifestação afro-brasileira com raízes no povo iorubá, em que seus integrantes são vinculados a um terreiro de candomblé. E que tem rituais que necessitam ser respeitados.
1.O desfile só pode acontecer depois de invocadas as divindades, depois de cumpridos rituais públicos e secretos (“a parte do axé”).
2.No domingo e na terça-feira, antes da saída do bloco, é feito o padê para Exu, a fim de que a divindade conceda licença para a festa, permita que os foliões possam brincar com tranquilidade;
3. Os Afoxés, e notadamente Os Filhos de Gandhy, tocam essencialmente o ritmo ijexá, que é um ritmo suave e destinado aos Orixás: Exu, Oxum Ossain, Ogum, Logum-edé, Oba, Iansã e Oxalá. É tocado exclusivamente com as mãos.
Sua cadência é de grande beleza e o movimento dos corpos, acompanhando o ritmo na dança, enche de beleza plástica a avenida onde passa o cortejo.
4. É importante observar que o nome afoxé vem do iorubá e significa: a, prefixo nominal; fo = dizer, pronunciar; xé= realizar-se.
Para alguns estudiosos, afoxé quer dizer o enunciado que faz acontecer. Em verdade, o principal instrumento musical utilizado nos rituais chama-se runi, em iorubá, sendo traduzido por voz ou rugido – ahún ou grunhido= hún, conforme estudiosos.
[…]O maior deles, de tom grave, chama-se run, o que significa, em iorubá, voz – ohùn ou rugido, grunhido – hùn (Caciatore, 1977 : 222). Outros atribuem a esse nome outro significado, proveniente da língua Fon, e que teria o sentido de sangue ou coração (Lacerda, 1998 : 7). Todas as acepções aludem ao caráter especial que o instrumento possui no contexto religioso. É o responsável pelo solo musical e variações melódicas, e também pelas invocações dos deuses. De som grave, geralmente percutido com uma baqueta de madeira e uma das mãos, é considerado como “o que chama os orixás”, o som que chega ao “orum”, terra dos ancestrais.[…] (Cf. (Cf MITO, MEMÓRIA E HISTÓRIA: A música sacra de Xangô no Brasil
José Flávio Pessoa de Barros. http://www.rizoma.net/interna.php?id=156&secao=afrofuturismo)
rolonga por uito tempo noite adentro.
De som grave, geralmente percutido com uma baqueta de madeira e uma das mãos, é considerado como “o que chama os orixás”, o som que chega ao “orum”, terra dos ancestrais.
Interessa-nos aqui entender esse enunciado que faz acontecer. Pensamos que se trata, de fato, do poder da energia que se manifesta inicialmente pela palavra, pelo apelo, pelo chamado, pela conjuração, que se faz verbo. Daí a necessidade de se observar o ritual de conjuração. Ou seja, passa pela invocação da divindade que, ao se manifestar, enunciará as condições, profetizará os acontecimentos, definirá as condições para a saída do cortejo, e concederá suas dádivas, suas bênçãos, afastando os perigos (que estão em toda parte) e atraindo o bem. Por isso o uso de instrumentos específicos como os atabaques, e dentre eles, o run. De fato, quer seja em Iorubá, significando voz ou rugido, quer seja na língua Fon significando sangue ou coração, ”[…]todas as acepções aludem ao caráter especial que o instrumento possui no contexto religioso. É o responsável pelo solo musical e variações melódicas, e também pelas invocações dos deuses. De som grave, geralmente percutido com uma baqueta de madeira e uma das mãos, é considerado como “o que chama os orixás”, o som que chega ao “orum”, terra dos ancestrais.[…]” (MITO, MEMÓRIA E HISTÓRIA: A música sacra de Xangô no Brasil
José Flávio Pessoa de Barros. In http://www.rizoma.net/interna.php?id=156&secao=afrofuturismo).
Convém ressaltar que o Candomblé é uma religião que escapa aos maniqueísmos, à lógica binária do isto ou aquilo, do “ou bem ou mal”. A mesma palavra pode ser invocada para o bem, ou para o mal, a depender das circunstâncias. Mal e bem podem andar juntos, de mãos dadas, ou do mal fazer-se o bem e do bem surgir o mal. O Bem ou o Bom é, no Carnaval, saber que poderá livremente manifestar sua identidade, ou viver uma outra identidade, mas de qualquer modo, poder entregar-se sem freios à dança, ao canto, ao ritmo, aos sons da festa, aos apelos do corpo, e talvez o álcool, pois há foliões que não bebem (!), mas que ainda assim entregam-se ao frenesi da música ensurdecedora dos trios, e talvez esperem ter sucesso sendo caça e caçador, pois o Carnaval é também, para muitos, o espaço para a sedução, para a conquista amorosa ou sexual.
O “mal” estaria, claro, na possibilidade da desmedida: da violência que leva à agressão moral ou física, do roubo e do furto, do excesso de álcool ou comida, das doenças sexualmente transmissíveis também se tem medo. Por isso é preciso apelar à proteção das divindades. E aqui ficam claras as razões para a opção pelas religiões de herança afro: ao contrário das religiões de tradição judáico-cristã, ou muçulmana, o Candomblé é uma religião extremamente aberta e isenta de julgamentos. É o pensamento do homem que determina a qualidade moral de sua ação. Poder-se-ia dizer que o ‘pecado’ é uma noção pouco conhecida, embora possa ser traduzido como sendo “tudo aquilo que não faça bem à alma e ao corpo de quem o pratica”.
Talvez por isso, a partir dos anos setenta, – e não é coincidência que essa seja a década onde as manifestações da chamada contracultura vão surgir e circular com mais ênfase na Bahia e no Brasil- os intelectuais brasileiros começam a repensar a cultura nacional e levam a classe média urbana a descobrir a beleza das manifestações da cultura popular e dentre elas o carnaval de rua e os Afoxés, em especial.
Torna-se ‘chic” frequentar alguns terreiros famosos e também brincar ao som do trio elétrico- o que antes era considerado ‘coisa de gentalha’,- e formam-se blocos carnavalescos os mais diversos. Descobre-se também o fascínio dos Afoxés. O que passava despercebido agora destacava-se na multidão. O que estava debilitado, conhecerá o ânimo necessário para refazer-se e evidenciar-se, como o comprovam as palavras do intelectual, poeta, músico e ex-Ministro da Cultura do Brasil,Gilberto Gil:
Aquela aparição extraordinária do Gandhy em 1949 foi uma comoção muito grande para mim. Os elementos ligados à expressividade negra, os aspectos orientais, os turbantes ligando ao OrienteMédio, fazendo ponte com a Índia, todas essas coisas que eu vim a saber depois, estavam ali, naquele momento, naquela aparição, naqueles homens com aqueles tamancos, com aquela singela elegância.[…] Vem a adolescência, eu vou-me embora da Bahia e volto depois do exílio, em [19]73.Vou ver o Carnaval. Encontro do (Afoxé Filhos de) Gandhy quase sem poder entrar na avenida (um pequeno grupo de integrantes, na Praça da Sé, sem conseguir passar. Os blocos de índio, muito fortes e hegemônicos, não deixavam espaço, mandavam na avenida. O Gandhy não conseguiu entrar até a hora em que fiquei por lá. Aquilo me doeu e fui para casa com a decisão de fazer alguma coisa…(Gilberto Gil, O Gandhy é o mundo.In Muito. Gandhy 60. Suplemento cultural do jornal A Tarde. domingo, 23 de fevereiro de 2009, n. 47,p.28-30)
Outros intelectuais e outros dirigentes de Afoxés famosos na Bahia tecem severas críticas a este Afoxé Filhos de Gandhy que, diferentemente dos anos iniciais, aceita em suas fileiras foliões ‘estranhos’, isto é, alheios aos critérios de pertença, de origem, de religião.
Na verdade, Os Filhos de Gandhy tornaram-se um símbolo de status e de prestígio masculino para o carnavalesco de classe média: desfilar em suas fileiras, de turbante e colar de contas brancas e azuis constitui-se, no Carnaval da Bahia, um momento de alto destaque social e que pode trazer pontos no currículo amoroso e social de um carnavalesco. Por isso, ao invés […]“daqueles 100 de 1973[…] hoje são mais de 10 mil […]”Gilberto Gil, ibid.).
Vejamos agora o que diz outra voz, a de Jaime Sodré, atual “doutorando em História Social pela UFBA e que, como músico, tocou bateria no trio de Dodô e Osmar e foi alabê dos Filhos de Gandhy”
[…] Eu era alabê do Gandhy. Quando saí tinha uma unidade que era a dos lanceiros. Eram senhores que iam com uma lança e se você cometesse qualquer tipo de indisciplina,era expulso. E os colares que se usava nãoe ra para dar a senhor ninguém,pois os colares eram de Santo. Sabe como é que saía no Gandhy? Se eu, associado, te convidasse. E se essa pessoa se portasse mal, nós dois saíamos do bloco. Então era pouca gente, conhecida. De repente o Gandhy começou a atrair pessoas que não são da religião, e aí perdeu-se a disciplina, o conjunto foi inchando. O bloco passou a ter prestígio depois de Camafeu de Oxóssi e Gilberto Gil. Virou um mito, começou a provocar fascínio da juventude e nas mulheres. Ai as meninas ficam trocando beijo por colar….É a mentalidade carnavalesca atual. O foco do Carnaval que era brincar, com respeito mútuo, isso já foi. Agora é a posse. E aquele colar….Se fosse benzido, pelo menos(risos).[…] Tatiana Mendonça .”A gente precisa democratizar a alegria” In Muito. Gandhy 60. Suplemento cultural do jornal A Tarde. domingo, 23 de fevereiro de 2009, n. 47, p. 9-13)
Estas duas falas de lugares sociais nem tão distantes assim – ambos os discursos são enunciados por intelectuais e que conseguem fazer ecoar suas falas, com mais ou menos intensidade, a depender do momento e também dos auditores, claro,- mostram bem o (alegre) drama em que vive esse e outros Afoxés que não recusaram a participação e a colaboração de intelectuais.
Ou que veriam de maneira intuitiva a oportunidade de deixarem a pobreza franciscana em que viviam e livrar-se para sempre das dificuldades da falta de recursos financeiros. E o caminho mais fácil foi o mais conhecido: fazer certas concessões. Ou que mostraram que para permanecer é preciso acompanhar os tempos. Por exemplo, aqueles foliões que não são adeptos do Candomblé, nem acreditam nas divindades, e que desejam desfilar no bloco, têm de acatar os rituais. E devem seguir determinadas orientações. E para evitar maiores constrangimentos, no site do bloco, na primeira página, são mostradas as regras, as normas que devem reger a participação no desfile:
PARA MANTER UMA PERFORMANCE DO NOSSO “TAPETE BRANCO DA PAZ”, FAZEMOS ALGUMAS OBSERVAÇÕES:
1. NÃO É PERMITIDO QUE OS ASSOCIADOS COLOQUEM MULHER DENTRO DA CORDA, POIS PODERÃO SOFRER PUNIÇÃO AUTOMÁTICA.
2. O TRAJE DO MAIOR AFOXÉ DO MUNDO PERTENCE A VOCÊ, NÃO TIRE O SEU TURBANTE PARA COLOCÁ-LO NA CABEÇA DE MULHER, POIS O TURBANTE É O SÍMBOLO MAIOR DA NOSSA INDUMENTÁRIA.
3. NÃO É PERMITIDO DESRESPEITAR TURISTAS, REPÓRTERES, ASSOCIADOS E O PÚBLICO EM GERAL. GANDHY SEMPRE PREGOU A NÃO VIOLÊNCIA.
4. NÃO USE DEMASIADAMENTE BEBIDAS ALCOÓLICAS PARA NÃO DENEGRIR A NOSSA IMAGEM.
5. NÃO TRANSFORME O AFOXÉ EM DOIS BLOCOS, FICANDO FORA DA CORDA. COLABORE DENTRO DELA, POIS, A BELEZA PLÁSTICA É FUNDAMENTAL!
6. NÃO É PERMITIDO O USO DE ADEREÇOS DIFERENTES COMO: CHUPETA E PENAS NO TURBANTE. SÓ O USO DO BROCHE PADRÃO.
7. O CORPO DE SEGURANÇAS E CORDEIROS SÃO PARA DAR MAIOR TRANQUILIDADE A VOCÊ. AJUDE-OS, NÃO DIFICULTANDO SEU TRABALHO (sic).
8. CONFIRA OS ITENS DE SUA FANTASIA. O VERDADEIRO SÓCIO DO GANDHY SERÁ FISCAL DO FALSO SÓCIO. NÃO SE JUNTE PARA NÃO SE CONTAMINAR .(http://www.ask.com/bar=Filhos+de+Gandhy; www.filhosdegandhy.com.br;
Se lanças haviam e eram apontadas, é que as transgressões existiam e transcorriam normalmente, sendo até mesmo previsíveis, pois os castigos eram conhecidos e corriqueiros. Atualmente, ao invés da arma, uma relação de regras de boa conduta esperada de cada participante, com uma clara ameaça para aquele que praticar o que parece ser uma transgressão imperdoável: colocar uma mulher dentro da corda, isto é, integrá-la ao desfile que deve ser eminentemente masculino (regra n. 1). A punição mais rigorosa é ser expulso do bloco. Fora disso, apela-se para a ‘boa consciência’, aconselha-se e pede colaboração: evitar o uso demasiado de bebida alcoólica, por exemplo, para não ‘denegrir’ a imagem do bloco. São outros os tempos, outros mores, também, poderíamos dizer.
Claro que se pode lamentar a ausência de tamancos nos pés que hoje podem calçar marcas famosas de tênis. De fato, dentre os milhares de foliões já apontados, uma grande parcela vem das classes médias média e média alta, são rapazes que se diferenciam dos antigos estivadores pela cor da pele mais branca ou menos negra, e por serem, em sua maioria, jovens, alguns recém saídos da adolescência, outros ainda imberbes, é verdade, e portam tênis adidas ou reebok, não importa se importados, ou comprados no camelô, falsificados, portanto. Mas há também elegantes senhores, ou professores universitários tentando parecer “blasés” ou ‘descolados’. E que tentam acompanhar os cânticos e os passos da dança que desconhecem. Ou que não acreditam. Não importam: lá estão na avenida como iniciados. Seguindo uma outra tradição: a do Candomblé de rua.
Deixaram as lanças, mas se tornaram muito mais conhecidos, formam uma multidão, e passaram a ser cobiçados por grande parte das mulheres que vão ao Carnaval e se dispõem previamente a esperar a passagem do cortejo. E não se pense que são apenas garotinhas, ninfetas, ou afoitas balzaquianas da classe média, entediadas, à busca de aventuras, que esperam a passagem desses “cavaleiros do Oriente”.
É que a mística de um bloco de estivadores, de homens rudes e estranhamente pacifistas, que quebram o ritmo frenético do Carnaval com uma canção ijexá que convida quem a ouve a voltar-se para si mesmo, a escutar-se na escuta desse som aparentemente desconhecido, mas que encontra estranhas ressonâncias na alma baiana, ou brasileira, não importa a classe ou a cor da pele, essa mística perpassa o imaginário social. Desperta nos homens o ciúme e uma certa expressão de desdém que é recolhido no silêncio. E nas mulheres torna-se um atrativo. Trocam beijos por colares? Não. Apenas um beijo, mesmo se demorado, lânguido, molhado, sensual, por um colar. Como uma prenda, esta nova donzela dos tempos hipermodernos levará seu colar branco e azul, lembrando-se talvez de um cavaleiro de mãos calejadas que a beijou de modo mais ardente do que o esperado. Ou o inverso é que deve ter acontecido. Um maduro trabalhador do porto, rígido em sua moral de operário, se lembrará com um certo orgulho de uma jovem bonita e perfumada que deslizou em sua boca um desejo que ele não achava possível em gente tão aparentemente franzina e elegante.
Além do mais, o nome do afoxé Filhos de Gandhy ficou para sempre associado ao tema da não-violência, sendo seus foliões vistos como ‘cavaleiros da paz’. Daí a aparente contradição aos olhos dos que pensam por uma lógica essencialmente binária: como dez mil homens podem desfilar em silêncio e sob cânticos de oração em plena festa de Carnaval que está sempre associada ao tumulto, à algazarra?
Claro que a contemporaneidade, ou os processos de modernização que a modernidade ofereceria, vai fazendo com que se percam antigas marcas étnicas, faz com que desapareçam os traços do que revelava ser uma certa ’pureza’ identitária tão lamentada por alguns. Mas talvez devêssemos aprender as lições do bambu que, deixando-se vergar sob as tempestades, ao contrário de árvores tão grandes, jamais se quebra como o carvalho. E passada a tormenta, recompõe-se em seu pleno verdor.
Ao contrário de outros afoxés que prezam e primam pela busca de uma certa pureza étnica, Os Filhos de Gandhy passam a primar pela heterogeneidade, pela diversidade de seus adeptos ou seguidores. E, não deixa de ser interessante observar que a cidade pára para ouvir e ver este Afoxé que, ao abrir-se para não iniciados despertaria o rancor e a ira dos que pregam por um “retorno às origens”, por uma forte etnicidade. Logo ele que se mantém fiel à marca masculina que deveria reger um Afoxé, ao contrário de outros blocos que, de modo inaugural e ousado, fazem o cruzamento do gênero com a etnia e hoje despontam na avenida. Ou de outros, exclusivamente formado por negros. Mas que nem todos têm o Candomblé como religião.
E depois, não deveríamos lembrar que, mesmo sendo um ritual religioso, esse Candomblé de rua acontece exatamente num Carnaval? Numa festa onde se espera que todos se congreguem mesmo não se conhecendo, que desfrutem das alegrias e dos prazeres, pois estariam todos e cada um sob as proteções de divindades ‘pagãs’, isto é alheias às religiões da tradição judaico-cristã?
O certo é que, mestiço, os Filhos de Gandhy são esperados na avenida para abençoar o Carnaval. Para semear a palavra de amor e gratidão aos ancestrais. Para saudar as divindades. Para mostrar ao mundo como podem conviver juntos o sagrado e o profano, não como entidades distintas mas como conceitos interdependentes.
É por isso que, aceito como um verdadeiro Mestiço, tal uma fotografia do Brasil – e nunca é demais lembrar que um retrato,antigamente, era também chamado de “instantâneo” e para se fotografar se devia fazer uma “pose”, logo um flagrante desejado do instante, – o Afoxé Filhos de Gandhy, que enriquece o Carnaval, desfila como uma sinuosa serpente nas ruas e avenidas da cidade do Salvador;
Reunidos sob o som dos agogôs, tambores, e cantos sagrados milhares de homens desfilam formando um verdadeiro tapete branco da paz, quase todos desejando sacralizar o profano, e querendo acreditar que estão protegidos pelos orixás, os quais foram conjurados, e, assim, certos de que levam ao povo assistente a promessa de uma convivialidade possível desde que, de coração aberto e de boa fé, o povo aceite partilhar o banquete da vida em toda sua inteireza, despojados de preconceitos e de outras obsessões essencialistas.
REFERÊNCIAS
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.1. Abençoando o Carnaval : pedindo permissão para viver em paz, numa “boa”, a festa profana. Com fé em Deus o Diabo vai nos deixar felizes.
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