JUSTIFICATIVA
Este Centro de Estudos tem a intenção de reunir e congregar pesquisadores e pesquisadoras que se dedicam ao estudo das literaturas e das culturas contemporâneas de não importa qual lugar, não importa qual espaço, desde que esses estudos possam ser feitos em língua francesa ou através da língua francesa tomada enquanto ferramenta.
A primeira tarefa que se impõe é grupo de pesquisadores em torno da temática da errância, do exílio e do (des) enraizamento em duas vertentes :a primeira será aquela constituida por coletânea de ensaios que deverão ser publicados em duas línguas (francês/português), como um dos resultados da primeira pesquisa constituída . A edição de uma coletânea de contos e novelas com a mesma temática escritos por autores francófonos e brasileiros será a segunda vertente desta mesma pesquisa, e que consta do cadastro de pesquisador do CNPQ do autor deste .projeto.
Esse Centro de Estudos em Literaturas e Culturas franco-afro—americanas compromete-se a realizar seminários, colóquios, congressos e outras manifestações científicas dentre as quais o VIII Seminário da francofonia :poéticas da alteridade que ocorreu no período de 08 a 10 de dezembro de 2010, na Universidade Estadual de Feira de Santana,com o apoio da Agence universitaire de la francophonie.
Desta forma, é graças à língua francesa que podemos pensar em estabelecer contatos, em manter diálogos produtivos com colegas da África subsaariana, do Caribe, do Magreb, com aqueles da América francófona (Luisiânia inclusive), ou aqueles do Quebec, ou aqueles mais minoritários ainda do Ontário, assim como os da Europa do Leste, e mais amplamente, com todos aqueles como nós mesmos,pesquisadores do Nordeste brasileiro, baianos da América latina, pois tem.os necessidade nos dizermos de uma maneira toda nossa, e sentimos necessidade de dizê-lo, de dizermo-nos numa língua de grande circulação a fim de que nossas palavras ressoem além das fronteiras. E longe de ser uma hipótese estranha, temos necessidade de uma outra lingua ( na qual se escondam todas as línguas do mundo) para criar esta alteridade.
Por isso, contra um pensamento etnocêntrico que nos indica quase sempre a impossibilidade de se encontrar um espaço intermediário entre noções aparentemente sempre determinantes (ou A ou B), o que proibiria qualquer possibilidade de escapar ao binarismo de um pensamento fundado sobre ideias essencialistas de identidade, alteridade, cultura, ou ancorado numa mentalidade incapaz de se abrir ao Outro, a urgência da formação de uma nova mentalidade torna-se incontornável para poder escapar a esse binarismo que condena uma grande parte da humanidade à continuar dividida entre o « nos » ou os « outros » .
Para fugir dessas oposições binárias, uma das soluções mais evidentes tem sido a abordagem comparativa que permite articular relações entre pontos aparentemente divergentes ou dessemelhantes a partir de um tema comum. No entanto, mesmo diante da convergência temática, em se tratando da diversidade de culturas e suas inúmeras e específicas línguas, é inegável o surgimento de fronteiras que poderiam impedir a comunicação, o trânsito, a interlocução.
Por isso nossa opção em utilizar a língua francesa como ferramenta, ponte para a aproximação entre as diferentes culturas do mundo. Claro que não avalizamos qualquer proposta de hegemonia cultural ou linguística, que reconhecemos que, durante muito tempo, as línguas de matriz europeia, notadamente o francês, o inglês, o espanhol, o alemão e o italiano tentaram abafar outras vozes em línguas e linguagens cuja diversidade não seria considerada ou respeitada.
No entanto, é inegável que o conhecimento de culturas as mais diversas e as mais ricas, de grande parte do globo, só se tornam conhecidas, só se tornam objeto de estudos e pesquisas no meio acadêmico, graças à língua francesa, seja como língua de comunicação, ou língua segunda de grande parte da intelligentsia africana tanto na África, quanto na chamada diáspora negra, assim como em grande parte do globo colonizado pela matriz francesa: do Oceano Índico ao Caribe, da Ásia ao Canadá, dos países do antigo Leste europeu à própria França, sem falar de grande parte da literatura produzida na Bélgica, no Luxemburgo ou na Ilha Reunião ou no Haiti, toda uma produção literária de inegável valor encontra-se acessível em língua francesa e se torna um manancial inesgotável para o pesquisador em Culturas e Literatura comparada que pode manejar a língua francesa como um instrumento, uma ferramenta de trabalho de valor inestimável, uma verdadeira senha de passagem para os portais instigantes das culturas estrangeiras.
Além do mais, especificamente no caso da UEFS, mantendo o curso de Letras com Francês com oferta regular dentre os seus cursos de graduação, e agora pensando na implantação de um curso de pós-graduação lato sensu, o CELCFAAM também contribui, anualmente, com a realização do Seminário da Francofonia, agora em 2010, com a temática Poéticas da alteridade, para o qual ocorreram pesquisadores de grupos de pesquisa atuando tanto nas universidades francófonas da África e do Caribe quanto da própria França e do Leste europeu. Muitos dos quais, aliás, emprestam seu talento e sua competência também para o desenvolvimento dos projetos de pesquisa: Errâncias, exílios, (des)enraizamentos e Assim caminha a Humanidade? Do Invidualismo, do Coletivismo e da Comunidade: revisitando utopias, motivos de seminários, colóquios e publicações, obedecendo ao critério do bilingüismo português-francês.
Por isso, propomos a criação deste Centro de estudos em literaturas e culturas franco-afro-americanas- CELCFAAM por acreditarmos que, ultrapassando as fronteiras lingüísticas das várias nações envolvidas (Mali, Senegal, Costa do Marfim, Camarões, Madagascar, Marrocos, Argélia, Tunísia, dentre outros da própria África, Ilha da Reunião, Ilha Maurício, Haiti, Guadalupe, Martinica, Guiana francesa, …) este núcleo se torna apto a propor o diálogo só possível se vencendo as barreiras das línguas nacionais, se superado o círculo de ferro das fronteiras nacionais de toda ordem.
Observe-se ainda que através da língua francesa tornamo-nos aptos e competentes a trazer para a UEFS os estudos das literaturas produzidas na e sobre a África não-lusófona e que até então se tornava quase impossível. O mesmo acontece com as literaturas europeias francófonas, ou as literaturas americanas produzidas em francês.
Preferimos, aqui, falar de francofilia antes que de francofonia. É importante assinalar que para a grande maioria dos intelectuais brasileiros e mesmo latino-americanos, a França foi um lugar privilegiado, terra de acolhida, diante das perseguições políticas, uma terra de exílio. Seria até redundante falar que a universidade brasileira é tributária do modelo universitário francês proposto pela França através de sua missão acadêmica integrada por Claude Lévi-Strauss e Roger Bastide, dentre outros ?
Por essas razões é que propomos a criação desse Centro de Estudos em Literaturas e Culturas Franco-Afro-Americanas- CELCFAAM / Centre d’ Études en Litttératures et cultures franco-afro-américaines. O que implica em dizer que cremos na possibilidade de ultrapassagem das fronteiras linguisticas das referidas sociedades, nações construidas de maneira arbitrária pelas potências coloniais, como é o caso do Mali, do Congo, da Costa do Marfim, de Camarões, de Senegal e de todas as sociedades africanas, assim como daquelas das Américas, do Oceano Índico, das Antilhas.
Em resumo, nós nos comprometemos com esses OBJETIVOS
- Criar as condições para a implantação de intercâmbios entre pesquisadores e escritores do Brasil e do estrangeiro ;
- Oferecer os meios para a divulgação da produção científica, artística e cultural do Brail e do estrangeiro, em língua francesa ;
- Incentivar a produção sobre a literatura comparada em língua francesa ;
- Contribuir para a divulgação da literatura dita emergente da África ou da diáspora em língua francesa;
- Criar um banco de textos;
- Otimizar a democratização do acesso ao conhecimento de culturas estrangeiras;
- Estimular a criação de uma mentalidade ancorada numa cultura de paz.
- Democratizar o acesso ao conhecimento sobre culturas estrangeiras;
Operacionalização
O acervo do Núcleo de Estudos em Literaturas e Culturas franco-afro-americanas será integrado ao espaço físico do Núcleo de Estudos Canadenses e do Centro de Estudos Francófonos, no Módulo II.
No entanto, como se trata de um Centro composto por pesquisadores de várias outras instituições, inclusive estrangeiras, não se faz necessário contar com um espaço físico determinado, antes devendo ser previsto e pensado em termos virtuais, com as discussões sendo travadas através de mídias eletrônicas, mesmo se utilizando também vídeo conferências.
Interdepartamental, o Centro de Estudos em Literaturas e Culturas franco-afro-americanas- CELCFAAM é também transdisciplinar e transnacional, e por isso deverá agregar estudiosos, interessados e pesquisadores nas culturas estrangeiras que sejam veiculadas em língua francesa, e sobretudo através da literatura e do cinema, tomados como mediação, o que lhe torna um centro de estudos capaz de agregar interessados outros que não apenas os professores de língua francesa. Na verdade, a condição básica é ser competente na leitura em língua francesa e ser interessado pelas literaturas e culturas francófonas do mundo todo.
COORDENADORES HUMBERTO DE OLIVEIRA e MARIE-ROSE ABOMO-MAURIN
MEMBROS FUNDADORES
Marie-Rose ABOMO -MAURIN
Robert AGBOKE
Abdelaziz AMRAOUI
Rémi ASTRUC
André BOKIBA
Danielle FORGET
Christine JACQUET
Humberto Luiz LIMA DE OLIVEIRA
Maurice Amuri MPALA-LUTEBELE
Karine ROUQUET
Alice TANG
Faustin MVOGO
Alain VUILLEMIN
MEMBRES ASSOCIADOS
Liviane Gomes ATAÍDE
Márcia Silva CAFÉ
André Luís Silva CARVALHO
Alex Fabiano JARDIM
William Silva MAIA
Christian MBARGA
Margarete Nascimento
Cláudio Cledson NOVAIS
Évila de OLIVEIRA
Celeste Maria PACHECO DE ANDRADE
Ana Cláudia PACHECO DE ANDRADE
Josilene PINHEIRO-MARIZ
Angelo Riccel PIOVISCHINI
Larissa RIBEIRO MARQUES
Ady SÁ TELLES
Ahmadou SEHOU
Andréia Santos SILVA
Ramanujam SOORIAMOORTHY
Lícia SOARES SOUZA
Evair TEIXEIRA
AleŠ VRBATA